terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Simplesmente especial

Cântico negro
José Régio

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?


Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.


Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...


Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.


Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
Sem dúvida, o meu poema preferido.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Capítulo encerrado

Já tinha saudades de escrever no meu espacinho. Estes dias têm sido infernais. já estou em casa, mas sinto um enorme vazio. tive hoje a minha última aula e sinto que tudo acabou. Faltam os exames a alguns trabalhos para entregar, mas no fundo sei que que foi talvez a última vez que fui à faculdade como aluna de licenciatura. Claro que estou feliz e também sei que no próximo ano tenciono voltar, mas há tanta coisa que vai mudar na minha vida, tantas coisas que ficaram por fazer, tantas coisas que ficaram por dizer. Vou sair da cidade que me acolheu durante estes três anos e alguns meses, mas vou embora já com muitas saudades. A partir de agora não vai ser fácil e, sinceramente, nao sei se estou preparada.

Muita coisa me vai faltar.

domingo, 29 de novembro de 2009

Domingo


Foi um dia triste. Nem vi o sol. Passou o santo dia todo a chover e sinceramente não era um dia convidativo para sair de casa. Passei a manhã ao quentinho mas de tarde tive de ir abastecer o frigorifico e aproveitei para ver montras e escolher presentes de Natal. Sabe bem ter umas mini férias para recarregar baterias. Mesmo dando voltas e puxando pela imaginação não comprei nem uma única prenda. Observando as lojas fiquei surpreendida com a disposição dos produtos. O público principal a cativar é as crianças que ficam de olhos bem abertos e fascinadas assim que entram num supermercado. Tudo está preparado para os receber. Os brinquedos estão na entrada de qualquer loja e os doces mesmo juntinho às caixas registadoras para desespero dos pais. Confesso que tive pena de alguns papás que não sabiam como explicar aos filhos que não podem ter tudo… mas “é de pequenino que se torce o pepino”.
Contribui ainda com alimentos para o Banco alimentar contra a fome. Não custa nada e acreditem que é bom saber que podemos ajudar outros que precisam.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ao quentinho...


Haverá algo de mais confortável e relaxante do que estar sentadinha em frente a uma lareira? É assim mesmo que vou passar o meu serão… eu e a minha gata. Daqui não saímos, daqui ninguém nos tira.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Dinheiro = Coisa estranha que não se multiplica

Nos últimos tempos, decidi por algum dinheirito de lado para me mimar. No domingo passado, ao contar o dinheiro fiquei felicíssima por constatar que era esta semana que podia cometer umas grandes loucuras, inclusive comprar um casaquito fantástico que ando a namorar há muito tempo, entre outras coisinhas muito giras. Ora enganei-me e até descobri que o dinheiro também é um “bicho” estranho que não se multiplica. Damos-lhe o calor da nossa carteira e mesmo assim não faz nada por nós. Aparece sempre uma ou outra coisa para estragar os planos. A verdade é que não sou a pessoa mais contida do mundo, nem sempre resisto à tentação, mas nos últimos tempos até que merecia uma recompensa…

Será que existe algum adubo especial para as notitas crescerem?

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A Belinha e eu


Em conversa com a Bia, a mãe da Anabela, ela confessou-me que estava um pouco intrigada com uma conversa que tinha tido com a menina na noite anterior. Curiosa, perguntei lhe porquê. Então ela respondeu-me que lhe tinha perguntado o que gostaria de ser quando crescesse. Perguntei lhe então qual foi a resposta dela. A Bia respondeu-me para perguntar directamente à menina.
Passados 10 minutos, a Belinha entrou na sala e decidi satisfazer a minha bisbilhotice…


Eu: Belinha diz-me lá… já sabes o que vais fazer um dia? Assim quando cresceres…
Belinha: já… claro que sim! A mama ontem também me perguntou isso.


Eu (já impaciente porque pelos vistos vinha aí uma coisa em grande): então diz lá criatura… o que queres ser?


Belinha: Vaca. É isso que eu quero ser


Eu: Credo! Vaca? Mas porquê?


Belinha: Vocês não percebem nada disto. És igualzinha à minha mãe. Quero ser isso porque não fazem nada durante o dia. Comem, dormem, pastam, estão ao sol o dia todo, têm sempre alimentos à volta delas, podem deitar-se quando querem e são fofinhas.


Eu: Oh criatura.. mas isso tu não podes ser.


E a Belinha triste não respondeu mais.
Bem, se isto é uma piada, juro que não conhecia. Não sei como é que ela chegou à conclusão que queria ser vaca… será uma piada mesmo que eu não conheço?! E será que ela quis simplesmente gozar com a mãe e comigo? Acho que um dia, a Bia vai ter de explicar a pequena Belinha que a vida de vaca não é assim tão boa.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Verão, onde estás?

Molhadinha dos pés à cabeça e a tremer de frio! Quem é que inventou este tempo? Credo! Saudades do verão, do quentinho, das sandálias, do armário mais magro (porque a roupa tb era mais magra :-)).
Volta verão, volta.

Pronto.. mas eu bem sei que a chuva faz muita falta!!!